Da dor à libertação: Minha jornada para romper o silêncio e redefinir o prazer

Por anos, vivi um casamento que me sufocava. Presa em um ciclo de abuso, silêncio e desrespeito, enfrentei a dor de um relacionamento onde minha voz, meu corpo e meu prazer não tinham espaço. Hoje, à frente da Erotika Town, transformo minha história em um movimento por liberdade, diálogo aberto e prazer consciente. Esta é minha história de superação e um convite para que ninguém mais se cale diante de relacionamentos abusivos.


Cresci em um lar evangélico onde sexo era tabu. Minha mãe, com as melhores intenções - acreditava eu, me incentivava a ‘aguentar’ as dificuldades do casamento, chamando-as de ‘fases’. Sem orientação sobre o que era um relacionamento saudável, entrei em um casamento achando que amor era sinônimo de sacrifício.

Meu ex-marido era um mestre em manipulação. Ele me fazia acreditar que nosso sexo, que para mim era vazio, era normal. Só depois do divórcio descobri que ele era mitomaníaco e que me traía. Pior ainda, percebi que as violações que sofri, especialmente durante o período em que meu filho foi concebido, não eram amor — eram estupro. Ele me acordava à noite, sem meu consentimento, e eu, condicionada a acreditar que era meu dever como esposa, não sabia como dizer ‘não’.

Meu filho, hoje com 11 anos, é a luz da minha vida. Apesar da dor de saber que ele foi concebido em um momento de violência, escolhi transformar essa experiência em amor. Com terapia e espiritualidade, trabalhei para curar minhas feridas e garantir que ele cresça em um ambiente de respeito e diálogo, inclusive recomendo super a Dra. Anax Bruxa, da qual continuo como sua paciente até hoje. 

Enquanto meu casamento me negava prazer, encontrei na privacidade da minha própria busca uma forma de me reconectar comigo mesma. Assistir pornografia, algo que minha criação condenava, me ajudou a entender meu corpo e meus desejos. Esse processo de autoconhecimento foi o embrião da Erotika Town, uma marca e festival que celebram o prazer livre e consensual.

Em 2019, o UOL (Deu match na blogosfera) fez uma matéria sobre minha história de vida e como vivi pós divórcio. Quando não temos uma estrutura de conscientização sexual na família, onde a mesma via sexo fora do casamento como pecado, me joguei no mundão para descobrir o que eu gostava e o que eu jamais faria pela segunda vez. 


Leia na íntegra: https://deumatch.blogosfera.uol.com.br/2019/06/27/ela-usou-os-apps-para-se-libertar-sexualmente-transei-com-uns-150-caras/ 

Quando essa matéria foi ao ar, minha mãe sentiu vergonha de mim, junto ao resto dos parentes, dos quais não tenho a menor vontade de estar próxima, mas poder ter jogado ao mundo que sexo é lindo e que precisa ser praticado, começou a me dar asas para o que eu queria viver de verdade, sem amarras.

Foi durante a pandemia que comecei a descobrir alguns fetiches, como cuckold, moneyslave, BDSM e foi onde percebi que após minha libertação eu não gostaria de me sentir presa novamente e foi aí que me tornei abrossexual, uma pessoa que vive o que quer e quando quer, voltada ao prazer individual e coletivo. 

Hoje, à frente da Erotika Town, mesmo que muitos dizendo que não sabem quem eu sou e com medo de investirem em uma marca nova, estou ciente do espaço que estou criando: onde o prazer é celebrado sem culpa e onde o respeito é inegociável. Diferente da minha infância, converso abertamente com meu filho sobre sexualidade, consentimento e respeito. Meu objetivo é que ele e outras pessoas nunca passem pelo que passei, e que saibam identificar e rejeitar qualquer forma de abuso.

Minha história não é só sobre dor, mas sobre transformação. Se você está em um relacionamento abusivo, saiba que você não está sozinho(a). Busque ajuda, fale, reconquiste sua voz. Juntos, podemos construir um mundo onde o prazer seja livre e o abuso não tenha lugar. Para apoio, contate a Central de Atendimento à Mulher (180) ou procure um profissional de saúde mental.

Beijos mágicos 
Fada

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